Rainer Sousa em língua portuguesa
“… Foi assim que tomei a pena e antes de começar a escrever esta larga história, desenhei também um sabre e imaginei-o dourado, da cor do ouro, esse mesmo ouro que existiría abundantemente nos bosques fechados de uma terra longínqua… e imaginei-o cortante com o seu gume dilacerante, disposto a desvendar e a desvelar todos os segredos e enigmas da minha pessoa… o meu nome é Diogo de Ataíde, poeta e escrevedor de ofício.”
sexta-feira, 2 de março de 2012
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
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"O Mapa do Reino de Ouro" é o primeiro volume de uma saga ambientada no século 16 e que tem como principal argumento a procura do "El Dorado". |
Uma luminosidade corta a escuridão profunda da minha cidade e desenha
um sabre cor de fogo na imensidão do céu. Desde a minha janela vejo-o e
procuro-o plasmar na superfície áspera do papel. O pavio da vela ainda arde ao
meu lado, a sua luz reflete-se no vazio do quarto. Lá em baixo, a cidade
perde-se num labirinto de ruas e ruelas nas quais eu caminho desde aquele dia
bendito em que o meu pai adotivo, Frei Luís de Ataíde, me levou pela mão e me sinalizou
com gosto religioso, a série de igrejas e capelas que desde sempre têm brotado do chão tortuoso de Lisboa como cogumelos que se acolhem à humidade de uma rocha. A verdade é que a chegada de um astro cor de
fogo, que de noite rasgava a negritude do céu lisboeta, estimulava ainda mais a
pregação de inevitáveis catástrofes que, de
acordo com os profetas da desgraça, estariam
prestes a cair ao chão, tal como uma brutal hecatombe.
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